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Junho '14

Desenvolvo com os meus carros uma relação de carinho levado ao extremo. Uma coisa quase familiar. De amizade e respeito.
O primeiro carro que conduzi após obter a licença de condução foi o Fiat 600 da minha mãe. Um histórico, que ainda hoje está religiosamente protegido na garagem de todos os males climatéricos! É o carro que me levava ao Jardim-Escola e foi o mesmo carro que me conduziu no meu/nosso grande dia. É o nosso carro de família. De coração. Por isso seria mais que normal todo o carinho.
Depois, herdei o meu Ford Fiesta vermelho. E quem me viu de carrinho vermelho em riste, sabe bem do que aquele carro era capaz! Subiu à Torre da Serra da Estrela! E no mesmo ano, desceu ao Algarve! Cabia em todos os cantinhos. Acompanhou-me em viagens infindáveis! Foi o meu confidente nos melhores e piores momentos! Com a carapaça vermelha, sentia-me quase uma suuuuuuuper-mulher! Capaz de conduzir para qualquer sítio! Com rádio de cassetes, rapidamente lhe adaptei uma cassete marada que dava para adaptar ao MP3 e iiiisso é que era cantoria!! Adorava o carro! Mesmo! Mesmo! Mesmo!
Até ao dia em que começou a dar problemas... Confesso que nem me lembro bem quais (tendo a apagar as más memórias da cabeça...)... Mas tendo em conta a quota-parte de vida na estrada, deveria ser por isso mesmo.. demasiados quilómetros! E comecei a investigar...A perguntar opinião.. A decidir.. E comprei o carro que me acompanha já há 4 anos! 
E transformei o Ford Fiesta num pequeno cubo vermelho... No dia em que o entreguei para abate (facaaaaaaada!), acho que correu uma lagriminha... Aquilo é que era um carro!
Aquele.. e o meu actual! Obviamente!!
Esta semana, quando mais numa das minhas viagens Lisboa-Tomar by nacional (que não andamos cá para sustentar os chulos da Brisa!) cheguei aos 100 000 quilómetros! 
100 MIL QUILÓMETROS!
Creeeedo que o tempo e os quilómetros passam...
Que taaaaaaaaaanto que há para contar!
Quando comprei o carro, desenvolvi uma espécie de relação mãe-filho. Era uma espécie de AVC constante que queria evitar a todo o custo. Queria protegê-lo a todo o custo e as regras eram as mesmas para todos!:
Não pode estar sujo.
Não podem comer ou beber lá dentro.
Não pode estar riscado. 
Não pode ficar em cima de passeio.
Não pode ficar em lugar apertado.
Ao longo do tempo, e com residência em Lisboa, esta quase-obsessão tendeu a melhorar... Pouco! 
Resguardo-o de tudo o que posso. 
Evito-lhe todos os males possíveis. 
Cuido dele melhor que muitas pessoas tratam vidas.
Se toda a gente respeitasse todos os carros da mesma maneira, o meu não teria um risquinho sequer! Mas tem... O maior que ocupa as duas portas do lado do condutor marca o Alive na minha rua... E o senhor/senhora esteve três dias em casa com dor de barriga. For sure. Pelo menos, foi essa a mega praga que lhes roguei! 
No início sabia todos os 1000 Km que fazia.
Os primeiros 1000 na ida a Guimarães.
Os segundos 2000 na viagem para Sagres.
And so on... 
Entretanto perdi a conta às viagens.. 
Mas sei que o meu carro é o meu melhor amigo. O meu maio confidente. O meu maior palco!


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